Aeródromo SJCA

Uma lenda dos céus. Douglas DC-3 (PP-VBN), um ícone da era de ouro da aviação

Mais do que uma simples aeronave, trata-se da personificação de uma das eras mais gloriosas da aviação.

Esta aeronave revolucionou a história aeronáutica. Desde seu serviço militar até sua transformação em uma atração nostálgica, o DC-3 inspira admiração e respeito por onde passa.

Sua presença evoca uma sensação de nostalgia e reverência, lembrando-nos de uma época em que voar era uma aventura gloriosa e cheia de glamour.

O PP-VBN é mais do que uma simples aeronave, é um símbolo vivo da audácia humana e da inovação técnica que moldaram os primórdios da aviação moderna.

Embarque conosco na fantástica história desta águia.

Serviço militar e transferência para o Brasil

DC-3, originalmente C-47B-20-DK, foi fabricado e entregue à Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em Dezembro de 1944.

43-49660, esse foi seu número de serviço enquanto sobrevoava os campos de um dos conflitos mais significativos da história da humanidade, que moldaria e deixaria um impacto duradouro em todas as nações envolvidas.

Após a Segunda Guerra Mundial, o Douglas DC-3 foi cedido à Força Aérea Brasileira (FAB), em Maio de 1945, recebendo a matrícula FAB 2017.

 

Neste período, era utilizado para transporte de correspondências e suprimentos na região amazônica.

DC-3 Voando pela FAB (prefixo FAB 2017) Foto por: Rudnei Dias da Cunha. Retirado em: https://historiadafab.rudnei.cunha.nom.br/2021/01/25/douglas-c-47/

Transição para o setor civil e operações no Brasil

Ainda como PT-KZG em 1980. Aeroporto do Santos Dumont. Rio de Janeiro. Fotografado por Vito Cedrini. Disponível em: https://www.airliners.net/user/VCedrini/profile/photos

Após servir a FAB por pouco mais de trinta e três anos, o avião foi vendido para a Votec, em 1978, e recebeu o prefixo PT-KZG.

Posteriormente, foi utilizado pela Royal Táxi Aéreo, de Belém (PA) e em seguida arrendado para a Aerobeni, da Bolívia, antes de voltar ao Brasil pela Wee Air, de Blumenau (SC).

Restauração e batismo

Em 1997, após mais de cinquenta e três anos cruzando os ares de diferentes regiões mundo afora, o Douglas DC-3 foi adquirido por quatro pilotos membros do   Aeroclube do Rio Grande do Sul (ARGS), Sérgio Fraga Machado, Leonardo Bernardo Neto, Eduardo Letti e Paulo Douglas Colvara, e aqui  um novo marco ficou registrado em sua vasta história.

Em condições precárias, a aeronave que tanto contribuiu por onde passou, teve que receber um intenso trabalho de mecânicos do Aeroclube para que conseguisse operar em condições razoáveis de voo, permitindo o translado até Belém Novo, Porto Alegre (RS)

Ali, naquele local, crescia a admiração e o respeito por uma das aeronaves de maior prestígio da história, e com este entusiasmo um plano foi traçado. Eles iriam fazer um processo de restauração para que pudessem reviver e contar a história do Douglas DC-3, colocando a aeronave de volta aos céus como museu voador.

Retorno ao serviço e operação em voos nostálgicos

O avião foi transferido para o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS) e, inicialmente, em uma das oficinas da Rio Sul, do Grupo Varig, a equipe se dedicaria durante três dias para fazer pequenos reparos e realizar uma nova pintura.

Porém, eles estavam diante de um clássico, de uma lenda, e logo a equipe da Varig, tomados pela imponência e histórico da aeronave, decidiram fazer uma recuperação completa.

Com o apoio do ARGS o trabalho foi iniciado, e o Douglas DC-3 começaria a receber o cuidado que tanto merecia.

Bins abertos, que remetiam a porta-chapéus da época, foram instalados, as poltronas duplas, mas sem divisória foram restauradas, e uma nova configuração de 28 lugares, com fileiras de 2+2 foi implantada.

O cuidado para manter a atmosfera da época em harmonia com as atualizações de segurança necessárias foi impecável, e em 29 de Janeiro de 2000, após oito meses, às 11h, o Douglas DC-3 decolou rumo a Belém Novo.

Em forma de agradecimento a Varig, o Douglas DC-3 foi batizado com o prefixo PP-VBN, em homenagem ao último Douglas DC-3 da companhia que, em 23 de Fevereiro de 1973, foi desativado.

O último voo panorâmico do Douglas DC-3, na rota Belém Novo – Torres, foi em 16/01/2005, e o último voo pelo ARGS, na rota Torres – Belém Novo, foi em 27/02/2005.

 

Mas esse não era o fim de sua grandiosa história!

Foto por Leonardo Oliveira. Disponível em: https://www.airliners.net/user/dummy0205797/profile/photos

A transição

A aeronave passou por duas paradas para manutenção. A primeira para limpeza de filtros, coleta de limalhas e checagem dos motores, que foi feita no pátio do ARGS, apenas com auxílio de barracas de lona.

Já a segunda parada, feita no hangar do ARGS, as asas foram removidas para correção de corrosão, e as nervuras até o início do aileron foram refeitas. 

Aqui dava-se início a uma nova grande aventura, quando o Douglas DC-3 foi adquirido pelo Aeródromo Comandante Vittorio Bonomi.

Essa não era uma missão fácil, afinal para sair do Rio Grande do Sul, era preciso um voo de prova e a checagem do comandante, porém a ANAC não possuía checadores desta aeronave no Brasil.

Foi então que um checador americano foi trazido ao país, para que pudesse supervisionar o checador brasileiro para realização destas exigências.

Simultaneamente, a checagem e o voo de prova foram realizados, e após receber as autorizações, em 13/09/2005, em Porto Alegre, o VBN alçou voo rumo ao início de uma nova grande aventura.



O recomeço

Devido às condições meteorológicas, a aeronave que partiu de Porto Alegre, ficou parada durante 3 dias em Florianópolis.

No terceiro dia partiu rumo aos Amarais, em Campinas (SP), onde realizou um abastecimento e seguiu rumo ao seu destino final.

Em 16/09/2005, às 16:50h, com 9 tripulantes a bordo, incluindo os comandantes Letti e Machado, o Douglas DC-3 (VBN) pousava em seu novo lar, o Aeródromo Comandante Vittorio Bonomi (SJCA), localizado na cidade de Mococa, interior de São Paulo.

Uma lenda dos céus traz consigo uma grande história, e neste caso uma carreta foi necessária para realizar o transporte de manuais, peças e equipamentos que pertenciam a aeronave.

O retorno aos céus

Com filiação registrada ao Aeroclube de Rio Claro, em 29/10/2005 o Douglas DC-3 fez seu primeiro voo oficial pelo Aeródromo Comandante Vittorio Bonomi, e não parou mais.

Alguns voos importantes da aeronave foram:

     29/10/2005 – Pirassununga (SP) – Portões Abertos da Academia da Força Aérea.

     20/11/2005 – Piracicaba (SP)

     26/12/2005 – Guarulhos (SP)

     05/08/2006 – Aeroporto Santos Dumont – Rio de Janeiro (RJ)

 

Em 28/05/2008 a aeronave fez seu último voo nas imediações da cidade de Mococa (SP), e em 09/11/2009 girou pela última vez os motores R-1830 Twin Wasp da Pratt & Whitney

PP-VBN em Guarulhos - 2005

Memória preservada

Não só temos a honra de abrigar e preservar um ícone da aviação, como também dedicamos, de forma singela, uma homenagem a Edmundo Navarro de Andrade.

O respeito pela história e a admiração pela natureza, fazem parte da nossa essência. Por isso, em uma parte da carenagem do VBN, temos gravado o nome deste renomado engenheiro, que nasceu em 1881 e dedicou sua vida à criação de hortos florestais e aos estudos do eucalipto.

Por sua contribuição à natureza, ficamos felizes em manter sua memória preservada em nossa história.

A lenda continua viva

Nos últimos anos o Aeródromo Comandante Vittorio Bonomi vem realizando os reparos necessários na aeronave, para que o Douglas DC-3 volte aos céus.

Os planos de manutenção foram mantidos conforme orientação do fabricante. As revisões de 50 e 100 horas foram realizadas, e a revisão de 8000 horas acontecerá em breve.

Os motores R-1830 foram integralmente revisados pela Precision Engines, uma das maiores especialistas em motores radiais do mundo, as hélices foram revisadas pela Oficina Aeronáutica Ícaro, além de diversas outras manutenções realizadas.

O VBN é tão carregado de história, que na última análise dos instrumentos do cockpit foram descobertos instrumentos utilizados em DC-3 que voaram pela VASP e Real Aerovias nas décadas de 60 e 70.

 

 

Legado e reconhecimento

O Douglas DC-3 (PP-VBN) é um símbolo vivo da história mundial e da aviação, um testemunho da era dourada dos voos comerciais que marcou profundamente uma geração.

O seu legado não é dedicado apenas aos entusiastas da aviação, mas se estende a toda sociedade, que reconhece a sua contribuição para preservação da memória e da cultura aeronáutica.

Temos a honra de ter essa lendária aeronave como parte da família do Aeródromo SJCA, onde nos dedicamos não apenas em manter viva a sua história e legado, mas também há um projeto audacioso de ver essa águia de volta aos céus, em breve!

Aeródromo SJCA - Comandante Vittorio Bonomi

Estamos situados no interior de São Paulo, na cidade de Mococa, a 112km de Ribeirão Preto, 170km de Campinas e 260km de São Paulo.

Berço do lendário Douglas DC-3 (PP-VBN), contamos com pista de pouso com 2000 metros de comprimento e 35 metros de largura, com operação VFR diurna e noturna, sistema PAPI e estrutura completa de hangar.

Aeródromo SJCA - Comandante Vittorio Bonomi

Estamos situados no interior de São Paulo, na cidade de Mococa, a 112km de Ribeirão Preto, 170km de Campinas e 260km de São Paulo.

Berço do lendário Douglas DC-3 (PP-VBN), contamos com pista de pouso com 2000 metros de comprimento e 35 metros de largura, com operação VFR diurna e noturna, sistema PAPI e estrutura completa de hangar.